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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

10 de novembro de 2006

Nº102 LEI… JUSTIÇA…. HOMENS BONS…. RESPONSABILIDADE…

No nosso entendimento, a convivência de todo o animal, convergiu mais para a associabilidade na ordem, do que permaneceu na anarquia, enquanto se não completava a instalação dos neurónios nas mentes de cada espécie.
A irracionalidade, ficou-se em tácticas essenciais, na conquista para o alimento, se bem que seguindo regras de segurança, nas complicadas artes da caça e da defesa. Agarrada ao instinto, porém, seu derradeiro apoio para aguçar a vista e satisfazer o estômago, guardou faculdades, para muscular o atletismo capaz e suficiente, para captar as presas calculadas para as refeições do seu dia a dia. Fixar residência na mata e no deserto, não é para qualquer um. Qualidades físicas e artimanha, impuseram maior esforço à mente, na habilidade para agredir, antes da ofensa, ou mesmo sem ela, no momento inevitável de obedecer ao apetite.
Os munidos do raciocínio, com a barriga a mostrar a vulgar gabarolice, fácil de se aleijar com as tripas à mostra, tiveram de multiplicar os estratagemas para subsistir às garras dos que vivem só para comer. A seguir, mais nacos de raciocínio, para as lutas internas, entre os da mesma espécie, estas a imporem maior número de normas para evitar «cascas grossas», no corpo a corpo, até ao aniquilamento.
A Natureza Humana, para conviver em harmonia, tem de obedecer a um comprido rol de regulamentos, amiudadamente corrigidos.
Há 4.000 anos, Hamurabi, Rei da Babilónia, consta que foi o primeiro dirigente responsável, a lembrar-se, que para conseguir paz relativa no seu império, haveria de reunir e impor regras que abrangessem todo o cidadão, a que denominou CÓDIGO DE LEIS. Daí por diante, entronou-se uma autoridade soberana – o Chefe máximo, ou o Rei - para superintender a correcção gradual, em auxílio das populações, focando o comportamento de cada indivíduo e concorrendo para o abraço colectivo da civilização.
No Século XV, Gutemberg (1397-1468), aperfeiçoou o prelo e o impressor e melhorou o material da tipografia, com os sócios Fust e Shoefer, permitindo, em letra impressa, o não esquecimento e melhorando as regras de convivência, reunindo-as em cadastros à atenção de um só e de todos os indivíduos. Assim, se ajuntaram as normas do respeito mútuo, extensíveis a sociedades de cariz humano, na responsabilidade de atitudes, na cautela de actos e submissão à Lei.
Destes alicerces, germinou e evoluiu a Educação. Em termos de semelhança, as Famílias, as cidades, os Países adquiriram um semblante de aprazimento, necessário à recepção da linguagem, de usos e costumes.
Obtidos resultados práticos medianos, porquanto a sujidade da agressão, esteja sempre a interpor-se a borrar a pureza dos contextos, nos repetitivos choques neuróticos, essas colecções de documentos, nas regiões em marcha para a cultura social, mereceram a distinção de nunca mais deixarem de separar as boas e as más acções. Nesta confluência de comportamentos, as primeiras foram ganhando ascendência pela pacificação que semeavam, enquanto as segundas iam sendo desfalcadas da perversidade, polindo a delicadeza, fazendo crescer a amizade.
Assim se foram aperfeiçoando as formalidades na demarcação de PÁTRIAS, confiadas ao civismo do cidadão consciente de usufruir melhores condições de existência num molho de forças, em constante mudança de afectividade, nas colisões de hábitos e jurisconsultos.
Composta Pátria, foi escolhido, de entre os melhores cidadãos, o ministério que a irá manobrar na segurança e na harmonia. Compreensivelmente, o apontado recai no que possua senso sólido, carácter impoluto e rigor para com a autoridade legislativa.
É na Justiça, na lealdade, no aprumo, no trabalho, na prudência, que reside o sustentáculo de Pátria. Consequentemente, no cumprimento da LEI imparcial, mesmo descansando sob a espada de Dâmocles, suspensa por um fio, a avisar a ilusória felicidade dos poderosos. A célebre espada de Dâmocles, que os administradores actuais querem transferir para a cabeça dos humildes, dos que se deixam levar por promessas, disfarçadas por palavras nas intenções de segurar pelouro e salário.
Só os HOMENS BONS deveriam ser eleitos, para fazerem valer a ordem, a moral e a paz que a sociedade anseia.
Neste momento, uma pancada atordoa e faz doer a nossa mente.
Reaparece-nos o livro «O Estado Novo», do Dr. Franco Nogueira, que foi ministro do Dr. Salazar, que adoptava para o ajudar no governo, os alunos universitários mais inteligentes, estudiosos e de melhor comportamento social e moral. Abre-se a página 462 a descrever:
Em aberto a questão de residência FIXA em S. Tomé, do advogado Mário Soares, que fora acusado de promover no estrangeiro notícias falsas e difamatórias para membros do Governo de Oliveira Salazar …………… Quanto ao primeiro ( Dr. Mário Soares), foi autorizado, dentro de pouco, a regressar a Lisboa e participou na campanha e disputou, ulteriormente as eleições de 1969, empreendeu depois no estrangeiro uma intensa actividade contra a política portuguesa na África, tendo-lhe sido instaurado processo; por motivos de família, foi-lhe permitido vir a Portugal, o que fez, mas optou pelo regresso ao estrangeiro, de preferência a responder no processo com todas as consequências legais.

Dói-nos a cabeça, nos ecos que lá se ripostam… Homens Bons, tranquilos, a ouvirem outros, vermelhos pelo esforço nas carótidas, em palavrório e hossanas de heroísmo.
Em tela gigante, reflectem-se interrogações:
Havendo em Portugal, uma Comissão Nacional de Eleições, para filtrar os candidatos a Presidente da República – Os HOMENS BONS, sem registo policial, ou tiques patrióticos, apresentam-se com toda a liberdade e aceites como «limpos», os candidatos seguintes:
Dr. Mário Soares, o advogado folião e extravagante, calcorreador das tertúlias e vielas lisboetas, em auto propaganda de qualidades individuais, que entra em colisão com a soberania nacional, que se escapa à tomada de responsabilidades e opta por se escudar no estrangeiro, receoso do julgamento das suas acções. Pouco adiante, feito proprietário do nosso País, com mais alguns camaradas, formando a equipa esbanjadora do que pertencia a todos os portugueses – as Províncias Ultramarinas -e mais 6 milhões de contos, poupados pelos «maus da fita, Salazar e Marcelo e que hoje, mesmo sem a diferença do câmbio, muito jeito dariam, às actuais cabeças reinantes na finanças, ideólogas de cofre vazio. Distraído dos genocídios explodidos, nas antigas províncias ultramarinas;
Dr. Manuel Alegre, desertor do exército português, infracção pesada na Lei de todas as nações, elevado a patriota na Assembleia dos partidos, que não na consciência nacional;
Dr. Francisco Louçã, entusiástico defensor do barco holandês, viajar para o nosso pais, com o intuito de «furar» a Lei portuguesa, aprovada por «referendo».
Questiona-se, se candidatos, de coerência deambulante e credenciais patrióticas encolhidas, possam vir a ser defensores da honra, da ciência ao pacifismo, da disciplina, da ordem e da projecção do País no estrangeiro? A «deputabilidade», acomoda-se à indiferença …
Se faltosos podem ascender ao mais alto cargo da Nação;
se «foras da Lei», possam, sentados, entrar no funcionalismo público, dentro da «fábrica legislativa»,
porque surgem admirações, da justiça, andar de mão em mão, nos ajustes que interessam ao Estado e à plebe de voz apagada?
Compaixão às memórias curtas…porque as outras…sofrem…
Até próximo.