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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

19 de outubro de 2006

Nº 94 EXEMPLO GREGO… O QUE SE SEGUE…

A cavalgada da indústria, para a competição comercial, importante influente na formação de postos de trabalho, atingiu todos os pontos na costura das vendas, para entusiasmar às compras de utilidade necessária ou disfarçada na botoeira do casaco.
A Grécia, pela sua pujança intelectual, é um produto de inestimável valia para todo o sempre, Foi lá, onde a personalidade do indivíduo se aprumou, para dividir com o semelhante os donativos da Natureza, rústica, ou prendada ou do trabalho dignificador.
Mas, como tudo que serve de modelo e atracção, é obrigado a tolerar cópias aproximadas, ou arremedos de «artistas» principiantes, ou profissionais do negócio, com vista ao lucro fácil, mesmo que «tragédia em prosa e verso».
Clama-se para a Grécia a sentença do voto, nos cacos de cerâmica e da «democracia», na correspondência dos valores conscientes.
O voto, é uma súplica do vulgo, para acertar num exemplar da Natureza humana com qualidades capazes de administrar o pecúlio do seu esforço, onde se inclua a honestidade e respeite os muitos esforçados.
A «democracia», corresponderá à tentativa de igualar, os invencíveis e desproporcionados saberes e temperamentos humanos, encadeando-os por quantidades de trabalho, sensibilidade e qualidades de resistência, na urdidura multiforme das populações. Nesta mediania, haverá a generosidade de conter o péssimo e o medíocre, flutuando entre o positivo e o negativo. Até poderia calar-se o «mau», como se não existisse…apesar de estar presente, como boneco «sempre em pé»…
O garantido como certo, todavia, é que democracia, na Grécia, não simplificou votos abstractos, aperfeiçoadores do sistema administrativo. Democracia, germinou com rosto… e nome. Depois de cultivada a experiência, escolhida a educação, dominada a ordem e bem conseguida a instrução, foi facilitada a abertura do senso e do método.
Um nome, talvez o primeiro, se chamou SOLON ( c.638 AC-558 AC). Um HOMEM, uma firmeza de vontade, uma virtude de destrinçar direitos e deveres, fincou pé na arte de mandar e determinou a coordenação útil, com a obediência. Destapou a «democracia.
Solicitado para por fim às rivalidades dos três partidos: PLANÍCIE, onde viviam os ricos; - MONTANHA, moradia dos pobres; - COSTA, localidade dos comerciantes.
SOLON definiu: -Partido, não sendo propagador de paz … ou passará a afastado de denegrir, ou aceite, moderando os argumentos de posse ou superioridade, para com o produzível, o que obtém resultados práticos pois é este que, verdadeiramente, dá sustento, distribui amizade e garante conciliação.
A partido, não se pode dar largas de trocar a ideia, sem medir como, quem e quanto tempo leva a abastecer o mercado do produto alimentar. O pensamento, semeia, sacha e colhe, sem sair do cérebro e em momento instantâneo. O cultivo da terra, sujeito aos imperativos de todas as fases da Natureza, conta minutos, horas, dias, semanas, meses, até ao fabrico do pão, santificado no suor de cada dia.
Cremos que, por ter sido evidenciada, em primeiro lugar, a «coisa produzida», separando-a para a entregar a quem pertencesse, constará o virtuosismo de SOLON, ao mesmo tempo que afastava a imaginação da massa anónima e indiferente, de direitos imediatos, ou avençados, para fazer valer a harmonização da sociedade ateniense. A perspicácia, dá ocupação intelectual ou de esforço do corpo, para suavizar costumes.
SOLON, obrigou os Pais a ensinar os filhos a serem úteis, aprendendo ocupações prestáveis nos meios em que vivessem,
Restringiu a extensão de terras, mas não concordou com a sua partilha, a quem não entendesse do ofício e não sentisse o peso dos deveres exigentes aos serviços agrícolas.
Aboliu legislação caduca, libertou escravos, restituiu o equilíbrio das obrigações. Elaborou Lei para regulamentar direitos e deveres, apelidada de CONSTITUIÇÃO.
Foi este alicerce, o suporte, onde viria edificar-se a «democracia ateniense», que os séculos têm alternado na preferência, mas sem conseguir atribuir-lhe estabilidade confiante, pois se corrige abusos, acobertados por usos e costumes, cai no excesso do oposto, portador da mistela de promessas à felicidade completa. Mata ilusões, fere esperanças, leva à revolta, destrói vidas e amizades e não resolve a realidade.
Acrescem os desfavores aos efeitos reais, depreciando o existente atingível, trocando-o pelo vislumbre da ideia, incapaz de, sozinha, satisfazer as propriedades físicas, que ocupam o primeiro lugar na manutenção da vida.
Sessenta e oito anos depois, impôs-se PÉRICLES ( c. 490 AC- 429 AC). Todos os cidadãos passaram a ter acesso aos mais altos cargos. Aqui se distinguiu a «democracia». Mas não se formaram novos partidos, além dos que SOLON havia dominado.
Democratização efectiva, fazendo calar as oposições vulgares e numerosas. Os funcionários do Estado, obtiveram a regalia de receber salário.
Como já tivemos ocasião de expor, Platão e Aristóteles, referiram-se a Péricles, por ter lisonjeado a plebe. Este será um ponto a merecer atenção, para o reparo dos dois filósofos.
Responsabilizações pecuniárias, quer para agentes privados ou dos serviços públicos, requerem estudos prévios cautelosos e saber contas do que pode somar, para precaver o possível de distribuir.
Os movimentos de receber e dar, são universais. O acto de receber, tanto para indivíduo, como do Estado é, portanto, véspera de pagar, ou responsabilidade irrevogável.
O encargo para o Estado de verba elevada e permanente, deve passar por crivo apertado nas fontes das receitas públicas e na torneira da despesa, visto que ambos mexem com o activo, que sem se dar por tal, pode descer ao desastrado, incómodo e murcho passivo.
PÉRICLES, na ânsia de renovar, cedeu à tentação de ser acarinhado com louvores nunca dantes atingidos. Convenceu-se que os dinheiros públicos respeitariam a BONDADE, como simpática interveniente no empenho de quem manda.
A produção, o que, realmente existe, a pagadora do necessário e das promessas, contudo, liquida as contas, enquanto não avista o fundo da caixa. Esta, quando limpa de notas e moedas, propõe empréstimos de quem disponha dinheiro a juro. Entrega-se nas mãos interesseiras da agiotagem. «Eis se não quando…» (imitando Nicolau Tolentino ), a ideia … despe-se da fantasiosa bondade … e surge qual esqueleto a bater osso com osso…
Não estranhemos isto que aconteceu há 2.400 anos. A Grécia ganhou, usufruindo um administrador de excepção – PÉRICLES. A Grécia, entrou em quezílias, que a vieram enfraquecer pelos séculos fora, tolerando um entusiasta de aclamações – PÉRICLES. A ambiguidade da inteligência… baila entusiástica no óptimo, mas, também dá passos graciosos, quando servente da mediocridade. A dança, é polivalente…
A Europa, parece compenetrada de a habitar muitos Péricles. Não se preocupa se são inofensivos, ausentes de culpa ou sabedoria, porque estudar dá trabalho, ou auto aclamados para se poderem autorizar a cometer o pecado de gula, sem oposições de «meia tigela». Não maravilha, nem assusta.
Quererá, simplesmente, explicar, que a instalação neurótica, dentro da caixa craniana, já se encontra devidamente instalada, desde há milhares de anos. E que não são as modernizações dos transportes em terra, no mar ou céus, que abriram mais os raciocínios que dispõem de livros, relatórios e computadores que em instantes respondem às interrogações mais diversas e fazem contas aos múltiplos dos milhentos. A esperteza actual, é exercício atlético em recinto comodista… Tem fôlego curto… e ginástica de principiante.
Até próximo.