América América

Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

27 de maio de 2007

Nº 125 DUARTE DE ALMEIDA E ESOPO A MATÉRIA … A LÍNGUA… A INDEPENDÊNCIA…

A decepagem, só é útil, na poda das árvores, que em poucos meses repõe a ramagem e dão melhores frutos, na quantidade e qualidade. Na lagartixa e outros répteis, não dá grandes preocupações, porque a cauda volta ao tamanho natural sem delongas de maior.

Na matéria humana, todavia e toda a que a rodeia para lhe assegurar continuidade, a amputação enfraquece o tronco, atormenta a vida e embaça a independência.

A Duarte de Almeida, a decepagem deu-lhe um lugar notável na História de Portugal, mas não a autonomia de se bastar a si próprio e à família que terá criado, ou desejado instituir. O braço decepado da mão que realiza trabalho, dependurava a sacola de pano remendado, para receber a esmola que lhe daria o sustento. A proeza guerreira, dourou-lhe o nome, a decepagem levou-o à lástima de esmolar piedade ao semelhante que passa, esquecido daquele que foi grande e passou a farrapo mendigo.

Ao Portugal decepado, ficou-lhe « o ouro da História». Como a Duarte de Almeida.

A sorte esmolada da União Europeia, ou a misturável interpretação das ideias, acendeu o ilusionismo e convenceu que irá durar sempre. Perdulária troca da realidade pela aparência.

A Europa nunca foi rica. Mais de uma vez o escrevemos. As guerras que lhe têm empapado o chão de sangue, suor e lágrimas, na teimosa, mas compreensível necessidade de melhorar condições de vida, são os factos dessa evidência. Por se considerar o «velho Continente», orgulha-se do assimilado das mentes imigradas, induzindo-o ao orgulho fanfarrão e petulante, de a todos receber com fartas vantagens. Só quando se apercebe que exagerou no conforto, pretende recuar… Geralmente tarde e… cheio de medos irreversíveis. Outra guerra rebenta com estrondo e fagulhas incendeiam as falhas e insuficiências. Outro período de tristezas e sacrifícios, se segue. Da última vez, a América «pôs a mão por cima», acelerando a retoma de juízo…

Os virtuosismos dissipam-se, perante a fraqueza europeia. O escuro do momento actual é disso prova da apreensão a envolver o futuro e a intemperança no idealismo desprovido de consistência.

Embandeirar a União Europeia, coesa e forte, será o falso voto de Paz, a ludibriar a «boa mente » da credibilidade no Produto Interno Bruto. Ao pobre não prometas… O que resultará de promessas não possíveis de cumprir?...

A Alemanha de 1947, em diante, prosperou com a referida ajuda americana e, mãos nos quadris, assumiu a liderança europeia, seguida da França, Itália, Espanha. Portugal, não só conseguindo ficar ileso na contenda, como ganhou alguns «dinheiros» nas mercadorias comerciáveis transportadas nos seus navios e o volfrâmio das suas minas, aguentou-se no balanço, mantendo Paz e vontade de respirar o ar fresco do progresso.

Passados poucos anos, chega-se à descida do nível prometedor da benfeitoria permanente. A Alemanha, descentralizou-se dos outros europeus, levando consigo as certezas de posições firmadas e favorecidas por meios de mérito próprio.

A União Europeia, tenta a todo o custo, comprovar que é entidade de palavra. Se o não é no produzido, serve-se do ideológico que nunca falha. E adianta-se com uma Constituição, a acorrentar a gente continental, com papeis escritos e assinados.

A França e a Holanda, após ginástica mental sobre as consequências das contas reais e obrigações aos seus filhos, pedem espera para melhor visual do futuro. E ainda estão, de monóculo em punho, a tentar ver o que a União Europeia quer que seja visto. Ao menos, adiar as complicações presumíveis…

Entretanto, a França, dá «uma no cravo, outra na ferradura», para medir o lugar onde melhor possa defender os novos súbditos, importados do subdesenvolvimento, que reclamam casa, emprego e seguro de vida. Evita-se dizer não, sabendo não poder afirmar-se o sim. Enredo distendido por toda a Europa, teimosa em recusar despir o travesti do ricaço, com vestes gastas por falta de verbas para fato novo. O orgulho e a falência, costumam andar de mãos dadas, com afagos mútuos de enamorados convictos …

Deparamos, novamente com ESOPO. A «Língua» ou apalavra, em acção. O Século XX, nas suas diferentes trajectórias em Portugal:

De 1900 a 1910 a palavra matou o Monarca e derrubou o que ele representava. De 1910 a 1926, a palavra pulverizou a autoridade, expeliu verbas dos cofres do Estado, em direcções inoportunas, caprichosas, ideadas por cérebros exaltados e distribuiu por «partes», «entre amigos», o que pertencia ao trabalho do Povo. De 1926 a 1974, a palavra diminuiu no barulho, amansou nos efeitos, evitou a mortandade e esbanjamentos na Segunda Guerra Mundial, regularizou as Finanças e manteve Portugal Unido.. De 1974 à restante parte do Século XX, a palavra retomou o balanço, levando ao colo o estardalhaço a encobrir intenções desnacionalizadas; deu cabo do Império, pondo-o à mercê da Rússia; amarrotou a Educação, para uma substituta que se move no abstracto; desvirtuou a Instrução, com promessa de fazer melhor, ainda em laboração no segredo dos governantes, sem data de lançamento; ferveu ódios, nas faltas de verdade, maliciosamente espalhadas; esvaziou os cofres do Estado, distribuindo a troco do voto, o que pertencia ao Povo, colocando Portugal na balança trémula da Independência.

Ao Povo, a preferência do período que melhor o serviu. Se ainda é tempo de pensar e escolher a tal respeito…

A matéria, o mesmo é dizer realidade, está coberta com o sebo da ideia comodista, que faz escorregar para a partidarite arrebanhadora de louros, que não para o interesse de quem trabalha. É a atracção da queda para o lado contrário da Nação.

Até próximo.

20 de maio de 2007

Nº 124 A MATÉRIA E A PALAVRA… SÃO O PRINCÌPIO…. A IDEIA E A PALAVRA… TORRE DE BABEL?…

O princípio das coisas, aconteceu… No clarão do átomo de há 15 mil milhões de anos? Na «oficina de quem, anteriormente fez o tal átomo e o atirou à toa, para vagabundear no espaço celeste e instituir a eternidade?

O constado para ser credível, o Universo é «matéria, visível nos corpos celestes que nos passam à ilharga, em corrida para furar as redes do finito. Daí para a frente – e para trás - nada se sabe, se houve multa por excesso de velocidade, ou por transposição de fronteiras.

Os cometas, pela quantidade e rastos de luz que expedem da cauda ou leme da elipse em volta do Sol, dão-nos a imagem do instantâneo maravilhoso no lado visível das estrelas, o que define ou indetermina o mistério que nos ataranta.

O intróito desta crónica, é pretensioso.

Insinua, sem fazer alarde, que o voo extra possível da matéria, se confronta com a instantaneidade da ideia. O primeiro, visível, constatável e dimensionado, o segundo, informe, ilimitado, etéreo.

O Humano, como vê a matéria e pretende poupar no trabalho - sua única fonte de cuidar da existência - deixa-se levar pela igualização com o pensamento. E regressa ao princípio da palavra auxiliar a matéria. Não repara na fuga traiçoeira do consórcio da ideia com a mesma palavra. Porque a palavra segue o rendimento rentável, em favor da parte física. A palavra é um profissional que quer ter regalias facilitadas e, por isso, tanto joga no clube azul dos céus, como busca o rendimento do adversário vermelho, tinto de sangue. Donde se acaba com a teimosia, de atribuir à matéria os mesmos condicionalismos da ideia.

Caro leitor, pondo fim a extravagâncias filosóficas, que nada adiantam à dominância da realidade, aproveitemos o tempo a recordar a nossa História e os grandes ensinamentos transmitidos a servir o presente. Constituirá uma tentativa de salvar a independência do território de 89.106 Km.2, decepado do que lhe aumentara a Empresa Náutica do Infante D. Henrique, arriscando bens e Heróis com o patriotismo de lhe alongar a vida pelos séculos fora.

Decepado… O nosso País é Duarte de Almeida, o Porta Bandeira na batalha de Toro, em 1476, depois de lhe serem «decepadas» as mãos, segurou o distintivo da Nação com os braços e os dentes, até ser derrubado do cavalo. O Herói, perdidos os meios de conseguir sustento para a família, pediu esmola...

Decepado… O decepado, fica com menos poder de resistência… e sujeito a padecimentos na incógnita dos dias de fazer contas. Os decepadores, vivem contentes, felizes e endinheirados, indiferentes aos genocídios ainda hoje a verter sangue e a ampliar mais miséria, a milhares de abandonados na Guiné, Angola e Moçambique… Obtiveram votos, pela facilitação utópica, de acabar com lutas.

As brigas não param, porque a actual doença do idealismo, resolveu, unilateralmente afirmar que acabaram, ou estão próximo de serem evaporadas da face do Globo Terrestre. Cada vez mais se alastram. O que vem actualizar o ditado latino: SI VIS PACEM… se queres a paz… PARA BELLUM… prepara a guerra. A supressão da Paz, destapa a Guerra.

Assim, se tira a máscara teatral, de querer Portugal na União Europeia para receber… receber dinheiro, mas não na camaradagem de sacrificar seja o que for, nos brados das aflições.

Na confraternização com a EU, há ideologias que gostam de saborear petiscos e copo de «tinto», deleitando-se, porém, na jactância de beber de graça. E Portugal que, à sua custa e sustentado pelo temperamento heróico da sua gente, « deu novas luzes ao Mundo», merecia ficar isento, ao menos, dos tributos guerreiros. Já pagou caro, o bem que fez à civilização mundial.

Mas, como Duarte de Almeida, em 1476, está enfraquecido e impossibilitado de cumprir sozinho, a sobrevivência no futuro.

Um escasso número de nascidos no território nacional, resolvera, sem perguntar ao povo, por referendo ou martelo da justiça, norma de proceder, quanto aos bens da Nação. O melhor é vender… E armaram-se em vendilhões.

Mas, como a consciência está aquém do palavreado, fizeram-se negociantes, à maneira cómica do teatro ou do cinema. Cumpriram o que nós sabemos ser «negócio da China». Entregaram « os objectos de compra e venda» e mais 6 milhões de contos. E, continuando «cómicos», ( e ainda o são), esfregaram as mãos de contentes.

Desta maneira leviana, só credível para quem ambiciona trabalho e paz, sem olhar à História e às incertezas das mudanças de «patrão», que o título desta crónica, poderá vir a ser realidade:

A MATÉRIA E A PALAVRA:… SÃO O PRINCÍPIO…

A IDEIA E A PAVRA, PODERÃO TORNAR REAL A TORRE DE BABEL…

Cá ficamos, na filosofia de Esopo. A língua é a melhor iguaria no elogio, na lisonja ou no convívio. A língua é a pior companheira no volteio da maldade e da destruição. Confunde o bom e o mau, não dá tréguas para pensar, desorienta o bem intencionado. Só no final separa o trigo do joio, ou reconhece o ludíbrio das promessas do falador, quando é perdida a ocasião de por o pé, na travagem para impedir a tragédia.

A crónica divergiu do iniciado, mas não perdeu o rumo, vindo das crónicas anteriores.. Vamos ao complemento.

O Dr. António de Oliveira Salazar, estudara História. Sabia das desditas do «decepado» e que no Governo das nações, eram as finanças, as MÃOS, que ganham o pão de cada dia do agregado que pretende continuar vivo e serviçal. Para a eficácia ser rentável, finanças deveriam ser controladas, por regulamentos unificados, desunidos da acção destruidora das «ideias e palavras» que podem eliminar o produto de todos pertença.

O Dr. Oliveira Salazar, também sabia que a paz restabelecida pelo General Gomes da Costa, não deveria sofrer interrupções e atrasar ou excluir a defesa dos valores públicos em favor de «partes» da população, malefício demonstrado no período experimental de 1910 a 1926. Seguisse o mesmo critério, seria acabar de afundar o barco que já estava a «meter água» por todos os lados.

O espaço acabou. Mas outro vai ser aberto para a semana.

Até próximo.

13 de maio de 2007

Nº 123 LINGUAGEM E ESCRITA EDUCADAS, SERVEM PROGRESSO. SE MAL APRENDIDAS, DESLIZAM NO PLANO INCLINADO DA DESGARRADA LIBERTINA…E FAZEM A GUERRA

ESOPO, é uma órbita de pensamentos. Capta o positivo compensador, esboroa o fantástico lunático. Reúne o melhor e o pior, desdobra-os em bases arquitectónicas semelhantes, resseca –os na estufa da consciência, compara-os na prática comum e mede o tamanho da utilidade. Esopo, modera as regras da grandeza e desce-as à luz dos sentidos humanos. Desaprova o resvalo à pequenez, para fazer subir à tona, a barca real com leme e posto de comando.

Vale recordar Esopo, nas interrogações do melhor Português e na repulsa de bravata doutorada à pressa, para com o Dr. António de Oliveira Salazar.

O prato forte da «língua», apresentado ao nobre e ao vulgo, como uso comum, solto de amarras egocêntricas e aceite no desaforo consensual da liberdade maioritária na assembleia da convivência. Mas Esopo, destaca , sem o vincar, a presença da educação na arte da harmonia e o contraste, arrebatado no ferimento à sensibilidade.

O pensamento, acoberto de responsabilidades, estende os tentáculos com ventosas a todos os seres que lhe sirvam para digerir. Variável e inconstante, o pensamento, quando pretende acasalar, produz híbridos disformes e repetidos. Os casais do pensamento, não se acompanham dos genes perfeitos, pois já trazem consigo, descendência com supostas virgindades. No decorrer dos séculos, na mudança de usos e costumes, alteram-se, em simultâneo, os ângulos de apreciação das coisas e do conforto, por sugestão do imaginado. Pelo facto de «cada cabeça, cada sentença», se implantam as divergências e as lutas dos propósitos e descomedimentos.

A «língua» e, já agora, a escrita, tanto são meios de aproximação da fidelidade, como interferem no respectivo oposto, marcando os humanos para direcções divergentes no sentido e na acção.

Desculpe leitor amigo, por este arrazoado comprido, para resumir: «cuidado com a língua», podendo acrescentar-se : - «com a escrita, também».

A língua e a escrita, são duas consequências da instalação neurótica na caixa craniana no cimo da vertical. Estes dois agentes, pela sua localização e órgãos transmissores dos impulsos e sensações, acrescendo a ânsia de sobrevivência, na mortalidade inevitável, condicionam a humanização do animal servido de duas pernas para mudança de lugar e dois braços para o trabalho diversificado do alimento. A fragilidade da constituição física, aprumada na posição e tenra na mastigação dos famintos e poderosos, pernas e braços juntam-se na defesa e ataque nas relações na ordem dos animais.

É a palavra que se assume dirigente do valor real da matéria, a que se acamarada a escrita, a legislar actos, opiniões e sentenças. Sendo a matéria, a própria vida e a progenitora das substâncias a incorporar na fisiologia Natural, compreende-se haver exorbitância de atribuições, na sequência paleada de quem deve mandar e decidir.

Sem mais «aquelas», o palavreado em catadupas, tomou o comando das «operações», não querendo descer do «pedestal» auto situado na torre de comando. Não pretende ser contra, mas não corresponde à Natureza da existência. A matéria produtiva, submetida à rotação e translação do Planeta Terra, nunca deixará de ocupar o centro da vida e da sua continuidade.

A imaginação -o grande contributo da valorização da matéria – na saúde, na máquina, no reforço ao desgaste e à resistência, no transporte a encurtar a distância e diminuir o cansaço, é a extra matéria, a prolongar a actividade física e a contrariar a morte.

A faculdade de inventar, todavia, se peregrina ao acaso e à sorte, desviado da insistência no estudo ao conveniente universal, derrapa para o retrocesso a princípios, desmarcados pela prática da reprovação à esterilidade e à desamarra dos direitos e deveres, misturando-os à crueza das reacções fatalistas humanas.

Humanidade, é o bálsamo protector do homem tímido ou moderado, das paixões intempestivas extrapoladas pelo semelhante. O instinto, ou complexo de superioridade, nascidos em todo o ser sensível e de sangue quente, é inalienável no íntimo de qualquer animal. Nem a educação, a forma encontrada melhor convincente para dissipar imperfeições, consegue limpar esse estigma sobre terrestre. O Homem, não se safa do recheio da Nat00046495322ureza, a fornalha energética da responsabilidade, fabricante impopular da moral e da obediência.

Na orgânica dos agregados sociais, coexistem, a Lei coordenadora da ordem para o bem dos maiores concentrados, e a rebeldia das excepções, alapada à Natureza anárquica. Na nossa História, estão gravadas as duas forças. Uma a disciplinar convivências para a igualdade e outra a atrair o ego para a soberania.

Na essência dos princípios e das causas, se podem descobrir as razões das atitudes e métodos empregues no critério vigorante em determinadas circunstâncias. Nas sociedades, enquanto a matéria ( o bem individual ), se sobre eleva na comodidade, o passado subordina-se ao conforto do presente. Quando este conforto se esvai, por rosário de anomalias administrativas, fazendo sofrer a mesa e a vestimenta, rebuscam-se defeitos e virtudes, culpados e virtuosos, desregrados e poupadores. Ninguém assume culpa…A «língua» e a «escrita», não o permitem.

A Lei e a ordem, porém, exigem responsabilidades. Em defesa do Estado. Em respeito ao Povo, a palavra e a escrita, devem sujeitar-se à educação, para que esta cumpra a disciplina.

Até próximo.