Nº 175 A RAZÃO DE TER RAZÃO… TRABALHO É CULTURA E
A ambição, foi sempre a companheira habilidosa no toque à sensibilidade, na preferência dos bens provindos da Natureza. Os séculos, modificando modas, hábitos e paladares, ao exporem novidades reflectidas nos trabalhos de lavoura, cultivo e colheita, repetidos pelos equinócios e solstícios, trazia aos sentidos, modos de apreciação e cumprimento, obrigando as responsabilidades a aceitarem, de bom grado, o que a técnica, ainda menina, chamava de grandes invenções.
O empenho da Razão, em conservar título e báculo, firmou-se na ferramenta de cada era evolutiva, por mais rudimentar que o mercado marcasse o andamento na produção e incorresse em elevados preços no consumo rareado por habilitações ainda por inventar.
Nesses começos em que o raciocínio engatinhava, as exigências de propaganda no alargamento de vendas, ficaria por modesta insistência, porquanto os consumidores, em primeiro impulso, arrecadavam o colhido no espaço extremado a quem musculasse luta na sua posse e o acréscimo, seria consumido pelo viandante em proveito próprio ou carregaria a semente como «novidade» no ano seguinte.
Mas a existência não se apressava a publicar programas antecipados dos acontecimentos ocorridos em veredas diferentes e imprevistas. A «Rua Direita», porque é baptizada a artéria principal das localidades onde começa o convívio elementar dos povoados, geralmente muito devendo à linha recta, poderá ou não, servir de centro de arte, de comércio, de desporto ou de governo. O mais importante, gira onde o «rodeio», ou ajuntamento dos valores de trocas e vendas mais avivam os ganhos de maior relevância individual, que na realidade é o caniço da pesca do prestígio e do engaste de diamantes nos anéis. Em todos os momentos de ser chamada a actividade emocional, a intuição humana desejou colocar na mesma mão,… a centelha do precioso e a bosta animal a servir de combustível para alumiar o júbilo da convivência e cozinhar o cru desgastante e corrosivo do aparelho digestivo.
No remoto dia do princípio da sensibilidade, o Homem e a Mulher, sentiram a atracção do aparato pessoal. A igualdade física, não se lhe poderia tocar. Era pertença da Natureza. Mas essa mesma Natureza, tinha, além do amor ainda no início do íman e do articulado, ao menos, dois enfeites para suprir a diferença de individuo para indivíduo: - O brilho do mineral e o espaço onde encontrar alimento.
Binómio persuasivo do trabalho e faixa de partida à descoberta dos segredos pouco a pouco postos à mostra, na muda do inculto para olhar outras belezas e consolos na angústia, arrancados à rusticidade pelo novo orientador da esfera celeste. Que queria e impõe mais, sempre mais dos proveitos trazidos pela ciência, pela técnica e, acima de tudo, da ambição de superiorizar os seus préstimos aos que encontrou no nascimento.
O Humano, afirma que sim, mas, em verdade, detesta a igualdade. Deseja-a, ardentemente, ao enfrentar o semelhante, para rápido, a por na calha de experiências e correcções, vazando-as no desperdício de excessos ou indecisas controvérsias.
A RAZÃO, baseia a sua força , no patamar do vigente equilíbrio social.
As decisões sucedidas ao acaso de particularidades circunstanciais, seguem no mesmo andamento, mas descendo de plano. A monotonia apossa-se da propensão ao menor esforço, abaixando consigo o nível da RAZÃO. Assim, o que fora trono do juízo, deixa de o ser, sem mudar de ambiente.
A bonomia, no passeio distraído da convivência, utilizando o báculo da remissão de culpas, a bandeira da paciência e o culto à brandura, desce degraus do nível demarcado pela educação e sociabilidade, experimentadas, anteriormente, com sentimentos elevados, sem a defesa de « válvulas de segurança» do civismo. É, em parte por estes motivos e por outros infindáveis de enumerar, que a Razão, nem sempre é igual e credível. E cumpre-lhe sê-lo.
A sementeira quer a terra revolvida, arejada, fofa, para doar à semente, o oxigénio e hidrogénio, que a vitalize e dela cresça e planta multiplicadora. E não se fica por uma só vez. Todos os anos, se repetem as regras apropriadas à colheita que se segue. Se bem que semelhantes, o trabalho terá de ser cumprido com o já sabido do solo, clima e da experiência das anteriores sementeiras. Não os havendo, o mofo abafará a vida pronta a doar-se à multiplicação natural ao big-bang, do átomo que explodiu há 15.000 milhões de anos, mais centena, menos segundo, conforme cálculos de quem diz ter feito provas às contas… mas não viu o clarão… não ouviu o estrondo… nem assistiu à queda de pedregulhos e poeira a arredondar os planetas e estrelas… durante molhos de calendários a vaguear no caos dos céus…
Ao analisar esta crónica, desde o princípio, com atenção redobrada, como se fora exame para passar de classe, com a rasoira de sofrível, ainda estou a decifrar os títulos e o texto.
Dos primeiros, se depreende a Razão ligada ao trabalho sem prazos de folga, no acto de adquirir conhecimentos, lendo e matutando, processo de subir a fasquia da Cultura do Espírito, e polí-la do «zinabre» do obscurantismo. Até agora, o modo conhecido de distinguir a verdade e atirar para a sucata a dúvida enferrujada e perra, causadora do retrocesso às «idades» históricas da pedra e dos metais. Eis como a «Razão», pode ter acesso ao martelo da «Razão»…
Se adicionar o ingrediente q.b. (quanto baste) de «consciência lavada»…
O texto da crónica, assenta no planeta Terra. Analisa limitações da Natureza. Pretende assimilá-las à Razão. Alvitra auxílio à ideologia na configuração a temas associados a convenções sociais.
Emaranha-se, porém, ao querer agradar à Paz. A Razão , sente-se atraída por discursos e hipóteses, comove-se no provisório plano de probabilidades e fica na dependura em leis sobrenaturais. Ao retornar à Terra Natureza, reaprende que os sentidos, apesar de serem cinco, não resolvem nada do pensado, sem a indispensável reanimação da matéria que poderá ser posta em leilão, por troca com notas e moedas.
Por outras palavras, estamos a repetir o já afirmado em anteriores crónicas. Os tratados redigidos a demarcar a divisão de valores - individuais e colectivos – não se colocam na obediência directa das ideias. Interpõem-se regulamentos administrativos, uns tantos e criteriosos, outros mais. As Leis, em regimes de fraca flexibilidade, cumprem-se mais uniformemente do que nos aparentes libertos de conceitos e de «vistas largas», para incauto ver.
Estes últimos, de sensibilidades reduzidas, quantas vezes vigiam os ingénuos e desprevenidos, para lhes aplicar o quebranto do infortúnio.
A faca que corta as fatias, é colocada na mão dos nomeados para dividir o «bolo público», com inclinação a favor da camaradagem ideológica, apesar dos neurónios não produzirem um átomo da matéria de serviço à vida.
Não chegámos, nem nunca chegaremos ao fim de desnudar a Razão de ter Razão. Ela, por si, lá vai caminhando, apoiada na bengala de cada período histórico, Gostaríamos de vê-la andar com outro desembaraço e leveza na passada. Maior esperança sentiríamos, no futuro dos nossos netos…
Até próximo.



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