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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

11 de agosto de 2008

Nº 175 A RAZÃO DE TER RAZÃO… TRABALHO É CULTURA E

A ambição, foi sempre a companheira habilidosa no toque à sensibilidade, na preferência dos bens provindos da Natureza.  Os séculos, modificando modas, hábitos e paladares, ao exporem novidades reflectidas nos trabalhos  de lavoura, cultivo e colheita, repetidos pelos equinócios e solstícios, trazia  aos sentidos, modos de apreciação e cumprimento, obrigando as responsabilidades a aceitarem, de bom grado, o que a técnica, ainda menina, chamava de grandes invenções. 

            O empenho da Razão, em conservar título e báculo, firmou-se na ferramenta de cada era evolutiva, por mais rudimentar que o mercado marcasse o andamento  na produção e incorresse em elevados preços no consumo rareado por habilitações ainda por inventar.

         Nesses  começos em que o raciocínio engatinhava, as exigências de propaganda no alargamento de vendas, ficaria por modesta insistência, porquanto os consumidores, em primeiro impulso, arrecadavam o colhido no espaço extremado a quem musculasse luta na sua posse e o acréscimo, seria consumido pelo viandante em proveito  próprio ou carregaria a semente como «novidade» no ano seguinte.                 

         Mas a existência não se apressava a publicar programas antecipados  dos acontecimentos ocorridos em veredas diferentes e imprevistas. A «Rua Direita», porque é baptizada a artéria principal das localidades onde começa o convívio  elementar dos povoados, geralmente muito devendo à linha recta, poderá ou não, servir de centro de arte, de comércio, de desporto ou de governo.  O mais importante, gira onde o «rodeio», ou ajuntamento dos valores de trocas e vendas mais  avivam os ganhos de maior relevância individual, que na realidade é o caniço  da pesca do prestígio e do engaste de diamantes nos anéis.   Em todos os momentos de ser chamada a actividade emocional, a intuição humana desejou colocar na mesma mão,… a centelha do precioso e a bosta animal a servir de combustível para alumiar o júbilo da convivência e cozinhar o cru desgastante e corrosivo do aparelho digestivo.      

         No remoto dia do princípio da sensibilidade, o Homem e a Mulher, sentiram a atracção do aparato pessoal.  A igualdade física, não  se lhe poderia tocar. Era pertença da Natureza. Mas essa mesma Natureza, tinha, além do amor ainda no início do íman e do articulado, ao menos, dois enfeites para suprir a diferença de individuo para indivíduo: -   O brilho do mineral e o espaço onde encontrar alimento.

       Binómio persuasivo do trabalho  e faixa de partida à descoberta dos segredos pouco a pouco postos à mostra, na muda do inculto para olhar outras belezas e consolos na angústia, arrancados à rusticidade pelo novo orientador da esfera celeste.  Que queria e impõe mais, sempre mais dos proveitos trazidos pela ciência, pela técnica e, acima de tudo, da ambição de superiorizar os seus préstimos aos que encontrou no nascimento.

      O Humano, afirma que sim, mas, em verdade, detesta a igualdade.  Deseja-a, ardentemente, ao enfrentar o semelhante, para rápido, a por na calha de experiências e correcções, vazando-as no desperdício de excessos ou indecisas controvérsias.        

          A RAZÃO, baseia a sua força , no patamar do vigente equilíbrio social.

          As  decisões  sucedidas ao acaso de particularidades circunstanciais, seguem  no mesmo andamento, mas  descendo de plano.  A monotonia apossa-se da propensão ao menor esforço, abaixando consigo o nível da RAZÃO.  Assim, o que fora trono do juízo, deixa de o ser, sem mudar de ambiente.           

          A bonomia, no passeio distraído da convivência, utilizando o báculo da remissão de culpas, a bandeira da paciência e o culto à brandura, desce degraus do nível demarcado pela educação  e sociabilidade, experimentadas, anteriormente, com sentimentos elevados, sem a defesa de « válvulas de segurança» do civismo.  É, em parte por estes motivos e por outros infindáveis de enumerar, que a Razão, nem sempre é igual e credível. E cumpre-lhe sê-lo.  

            A  sementeira quer a terra revolvida, arejada, fofa, para doar à semente, o oxigénio e hidrogénio, que a vitalize e dela cresça e planta multiplicadora.  E não se fica por uma só vez.  Todos os anos, se repetem as regras apropriadas à colheita que se segue.   Se bem que semelhantes, o trabalho terá de ser cumprido com o já sabido do solo, clima e da experiência das anteriores sementeiras. Não os  havendo, o mofo abafará a vida pronta a doar-se à multiplicação natural ao big-bang, do átomo que explodiu há 15.000 milhões de anos, mais centena, menos segundo, conforme cálculos de quem diz ter feito  provas às contas… mas não viu o clarão… não ouviu o estrondo… nem assistiu à queda de pedregulhos e poeira a arredondar os planetas e estrelas… durante molhos de calendários   a vaguear no caos dos céus…

             Ao analisar esta crónica, desde o princípio, com atenção redobrada, como se fora exame para passar de classe, com a rasoira de sofrível, ainda estou a decifrar os títulos e o texto.  

            Dos primeiros, se depreende a  Razão ligada ao trabalho sem prazos de folga, no acto de adquirir conhecimentos, lendo e matutando, processo de subir a fasquia  da Cultura do Espírito, e polí-la do «zinabre» do obscurantismo.  Até agora, o modo conhecido de distinguir a verdade e atirar para a sucata a dúvida  enferrujada e perra, causadora  do retrocesso às «idades» históricas da pedra e dos metais.   Eis como a «Razão»,  pode ter  acesso ao martelo da «Razão»…

Se adicionar o ingrediente q.b. (quanto baste) de «consciência lavada»…

              O texto da crónica, assenta no planeta Terra.  Analisa limitações  da Natureza.  Pretende assimilá-las à Razão. Alvitra auxílio à ideologia na configuração  a temas associados  a convenções sociais.

             Emaranha-se, porém,  ao querer agradar à Paz.  A Razão , sente-se atraída por discursos e hipóteses, comove-se no provisório plano de probabilidades e fica na dependura  em leis sobrenaturais. Ao retornar  à Terra Natureza, reaprende que os sentidos, apesar de serem cinco, não resolvem nada do pensado, sem a indispensável reanimação da matéria que poderá ser posta em leilão, por troca com notas e moedas.     

           Por outras palavras, estamos a repetir o já afirmado em anteriores crónicas.  Os tratados redigidos a demarcar a divisão de valores - individuais e colectivos – não se colocam na obediência directa das ideias.  Interpõem-se regulamentos administrativos,  uns tantos e criteriosos, outros mais.  As Leis, em regimes de fraca flexibilidade, cumprem-se mais uniformemente do que nos aparentes libertos de conceitos e de «vistas largas», para incauto ver.

        Estes últimos, de sensibilidades reduzidas, quantas vezes vigiam os ingénuos e desprevenidos, para lhes aplicar o quebranto do infortúnio.      

         A faca que corta as fatias, é colocada na mão dos nomeados para dividir o «bolo público», com inclinação a favor da camaradagem ideológica, apesar dos neurónios não produzirem um átomo da matéria de serviço à vida.   

        Não chegámos, nem nunca chegaremos ao fim de desnudar a Razão de ter Razão.  Ela, por si, lá vai caminhando, apoiada na bengala de cada período histórico, Gostaríamos de vê-la andar com outro desembaraço e leveza na passada. Maior esperança sentiríamos, no futuro dos nossos netos…    

        Até próximo.