América América

Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

30 de dezembro de 2006

Nº 110 O MELHOR… OS PORQUÊS SUBESTIMADOS… - Continuação (IV)

Esta é a nossa quarta crónica consecutiva, a descrever a entrada e os passos dados na política, do Dr. António de Oliveira Salazar.
Sendo figura de destaque na História de Portugal e Mundial, é da nacional, que temos retirado os acontecimentos que o fizeram distinguir e reentregá-los aos nossos leitores, para que possam ajuizar se ele merece continuar nas páginas que ocupa, como símbolo de nacionalista íntegro e administrador com a mão na consciência, ou se perdeu as qualidades reconhecidas pelos contemporâneos que viveram e sofreram as vicissitudes políticas, internas e externas, dos anos de 1910 a 1930. E já antes.
Os Homens, no seu conjunto, têm a qualidade congénita dos ascendentes, de pouco mudarem em relação aos tempos, o que faz retirar trabalho para concluir que as mentes pouco se alteram, face às crenças abicadas no presente, esquecidas das amofinações do passado.
Continuemos a tirar proveito, do que narra a História de Portugal, do Dr. Damião Peres. Façamos mais alguns registos de afirmações do Dr. Salazar, em 1930: Na nossa ordem política, a primeira realidade é a existência independente da Nação Portuguesa, com o direito de possuir fora do continente europeu, acrescendo à sua herança peninsular, por um imperativo categórico da História, pela sua acção ultramarina em descobertas e conquistas e pela conjugação e harmonia dos esforços civilizadores, o património marítimo, territorial, político e espiritual, abrangido na esfera do seu domínio ou influência. Desta forte realidade, e desta primeira afirmação, outras derivam imediatamente: a primeira é que estão subordinadas aos supremos objectivos da Nação, com seus interesses próprios, todas as pessoas singulares e colectivas que são elementos constitutivos do seu organismo: em contraposição e garantia da eficácia superior deste sacrifício afirma-se também que a Nação não se confunde com um partido, um partido não se identifica com o Estado, o Estado, não é na vida internacional um súbdito, mas um colaborador associado.
Mais acrescentava o Dr. Salazar, para unir o povo português:
A União Nacional não pode abandonar o campo meramente nacional e patriótico para se imbuir do espírito de partido, porque seria criminoso e, além de criminoso, ridículo, acrescentar aos que existem o partido… dos que não querem partido. Não! Convidados pelo Governo a apoiar a Ditadura, para que esta acabe de lançar as grandes bases de reorganização nacional e prepare o futuro exercício normal dos Poderes do Estado, os portugueses que se aprestem a oferecer o seu concurso sabem que cumprem um dever, mas não adquirem um direito.

Transcrevemos os princípios do Dr. Salazar. Ao leitor paciente, confiamos a interpretação de transparência desses propósitos, baseados no interesse directo da Pátria, extensivo ao respeito ao português valente no ânimo e pródigo nos sacrifícios monetários e humanos, para dar «novas luzes ao mundo». Trair estes princípios, nunca foi norma do Dr. Salazar. Até porque o Mundo, tem dívida nunca paga, de hoje ser o que é, sem os «Descobrimentos Portugueses».
E, nessa ocasião, portugueses assalariados, para ganhar «uns cobres», organizavam distúrbios e armavam revoluções para transformar Portugal em «satélite» da União Soviética, então o «Sol» para muitos deles.
Caro leitor: - Permitamo-nos breves comentários a estes nossos escritos. Em anteriores crónicas, temo-nos referido, benevolentemente ao Dr. Salazar, por palavras nossas. Já nesta crónica e em outras que tratemos do mesmo critério administrativo, optamos por transcrições de pareceres de entidades conhecedoras ou, pelo menos que transmitiram pareceres mais próximas do período de 1926 a 1974.
Para condescender às opiniões do Dr. Salazar, retrocedamos no tempo, aproveitando o que consta na História de Portugal, do Professor Caetano Beirão, de 1940, baseada, segundo o Prefácio do autor, em Alfredo Pimenta, João Ameal, Fortunato de Almeida, Luz Soriano, Alexandre Herculano, Rebelo da Silva e outras mais. Vamos, pois, transcrever alguns períodos:
A pág. 135, lê-se, a referenciar o pós 2 de Fevereiro de 1908- o regicídio:
O trágico acontecimento põe o dilema perante a nação: ou governar com a maior energia ou abdicar perante os criminosos. O Paço e os políticos, optam pela segunda solução. …..Assiste-se ao espectáculo vergonhoso duma manifestação à campa dos regicidas.
…….Nos partidos monárquicos, ninguém se entende e a maré alta do republicanismo avança…….. Sucedem-se os Ministérios que não conseguem governar. O parlamento é um soalheiro de disputas. Apenas a figura do Rei sobressai da barafunda, imácula……..
A pág. 140, descreve o «depois» 5 de Outubro de 1910:
A Assembleia Constituinte, elabora e aprova a Constituição de 1911, moldada no figurino mais radical. É eleito Presidente da República Manuel de Arriaga e forma-se o Primeiro Ministério constitucional, chefiado por João Chagas. A proclamação do novo regime, o seu ateísmo perseguidor e a truculência dos seus processos, trazem muita desilusão……….. Segue-se uma fase de perseguição ao clero e aos monárquicos, dentro de Portugal. As greves alastram. A força armada vê-se obrigada a espingardear o povo. Os operários respondem com bombas fabricadas em laboratórios clandestinos.
A pág. 141, começa com o título:
A DITADURA DEMOCRÁTICA
A incompatibilidade entre os partidos da República, é cada vez mais funda. Só um homem manifesta qualidades e está em condições de governar: Afonso Costa (1913), mas fá-lo contradizendo os princípios que antes apregoara. É um perfeito ditador, contra o qual os republicanos idealistas e conservadores , com António José de Almeida e Brito Camacho à frente, movem guerra sem quartel. Os ataques são violentos e logo em Abril de 1913, se regista uma revolução gorada, movida pelo próprio fundador da República, Machado Santos.
No ano seguinte, estala a guerra europeia e Portugal afirma a sua fidelidade à aliança inglesa. Afonso Costa já fora obrigado a deixar o Poder……. Segue-se Bernardino Machado e Victor Hugo de Azevedo Coutinho……. É uma ditadura tímida………. A República está cada vez mais em contradição consigo própria……Conspira-se. A Maçonaria e a Carbonária mobilizam todas as forças para restituir o regime à sua instável feição demagógica.
A 14 de Maio de 1915, os barcos de guerra surtos no Tejo dão o sinal de revolta e bombardeiam a cidade. Rende-se-lhes o Arsenal. Combate-se violentamente nas ruas. O Governo é obrigado a ceder. O General Pimenta de Castro é preso e o major Sá Cardoso proclama das janelas do Município o restabelecimento da constituição de 11. Assim, a menos de 5 anos do 5 de Outubro, foi reimplantada a República , que é como quem diz a gerência do Partido Democrático.
Por agora, já basta de transcrições.
Continua.
Até próximo.

28 de dezembro de 2006

Feliz 2007!


Desejo a todos os cibernautas Boas Entradas e um Feliz 2007!

27 de dezembro de 2006

Nº 109 O MELHOR… OS PORQUÊS SUBESTIMADOS…. Continuação. (III)

Estamos na terceira crónica, a descrever os acontecimentos precedidos da ascendência, pela segunda vez, ( a primeira, durante uma semana, em 1926) a Ministro da Finanças, em 1928, do Dr. Oliveira Salazar. Em 1926, já avisara, que o amontoado de pareceres, no mesmo cofre dos dinheiros do Povo, não permitia arranjar a canalização antiquada, cheia de ferrugem, com buracos por todos os lados e de torneiras emperradas.
E teria acrescentado, - palavras nossas - ser necessário escolher, entre o mando dos «Senhores das Ideias» ( que eram os «Senhores da Guerra, ou das Revoluções Diárias») ou a moderação de seguir uma nova escrita, onde constassem os valores recebidos e colocá-los, em irrigação igualitária, para cada destino, com conta, peso e medida.
Cremos que a opção de fazer uma nova contabilidade, com a lei dos direitos a respeitar e a obrigação dos deveres a cumprir, foi a linha apresentada, para salvar o País, que nessa altura e como já concluímos com o caso da Sociedade das Nações, só podia contar consigo própria.
O Dr. Salazar, não tinha outro recurso que pudesse suster o descalabro, então visível. Igualzinho ao actual.
Hoje, os «Senhores das Ideias», vestidos com a roupagem da «bondade», contam com a União Europeia para «amanhar» os danos que provocam nos empecilhos ideológicos, mas estão prontos a comprar o «fato macaco» de «Senhores da Guerra» ( que é o que, na realidade se lhes ajusta), envolvendo o povo submisso, no desbarato do que a coerência, ainda mantém de pé. E, hoje, como em 1928, se tenta resolver o mesmo dilema :- Ou mandam os «Senhores das Ideias», os «Senhores da Guerra», e a independência desaparecerá, ou se retoma a directriz da razão, para continuarmos a vivência portuguesa.
Continuemos com a História, no percurso do Dr. Salazar.

A nova escrita contabilística, sem rasuras, nem troca tintas, começou a dar resultados.
Numa entrevista ao jornal « O Século», em 1929, exprime: - Para poder, basta querer; para querer, basta saber que pode; a maior parte da vida económica, repousa sobre um acto de fé.
Frase esperançosa, baseada no «saber»… «saber que pode».
Hoje, ouvem-se veemências de autoridade, não as de capacidade lúcida, de «saber …para onde se vai».
Uma evidência insofismável: - O Dr. Salazar, encontrou o «Erário», com as ondas sonoras a fazerem «eco» no vazio e depositava confiança, para o regularizar, unicamente nos contáveis rendimentos portugueses.
Desde há anos, foram recebidos muitos milhões de escudos e euros da União Europeia e, hoje, está-se à espera desse patrocínio acrescentado, talvez por mais tempo do que irá durar, para satisfação de compromissos, tendentes a envelhecer, sem conseguir afastar a rampa da falência, ensebada pela saliva dos ditirambos entusiásticos aos «aprendizes de feitiçarias» administrativas.
O Dr. Salazar, endireitou as finanças públicas com a valorização do trabalhado pelo povo português e resultou na melhor solução, na altura, conseguindo cumprir pagamentos atempados, extenuar a guerrilha interina provocada pela Rússia por intermédio de assalariados portugueses e restabelecer a paz. Os partidos, actuais, apregoam qualidades administrativas excelentes, distribuindo o produto interno, mais o subsídio financiado pela União Europeia e, em vez de folgarem o Tesouro Público, obtendo duas fontes de receita, não só cada vez mais o encurtam, como afastam a possibilidade de vir a amenizar as diferenças sociais.
A pobreza sempre existiu, para suplicar que deveria ser extinta.
É esta a prece, que faz ajoelhar as religiões universais e onde se vangloria a humanidade evoluída. É este o tema dos coros que cantam as governações voluntariosas ao progresso da civilização. É este o hino de apoio ao arranjo a uma igualização, contentável à auto confiança e à soma dos menos satisfeitos. Hossanas às intenções.
Mas não são elas - as intenções - que resolvem o crescimento do produto necessário e suficiente para igualar posses, individuais e familiares. Quantos factores intervêm nesse fogo fátuo de imaginar ordem, onde a Natureza promete à sua maneira de fazer crescer, porém sem certezas no acabamento?
Regressemos, sem poesias, nem alaridos, à História de Portugal, do Dr. Damião Peres.
Eliminada a distorção da «ordem pública» e firmada a obediência à Lei, o Dr. Salazar, prosseguiu nas sua funções no Ministério das Finanças. O General Domingos de Oliveira, Primeiro Ministro, em 1930, declarava que o Governo ia começar a execução de um dos maiores empreendimentos que foram confiados pela Nação e pelo Exército à Ditadura, a preparação efectiva de nova ordem constitucional, com a organização política civil que possa manter e continuar a obra da Ditadura.
O Dr. Oliveira Salazar, continha arroubos ditatoriais, com o parecer: - devido ao patriotismo do povo e ao apoio da força pública, pode já afirmar-se estarem construídos os fundamentos e erguidos os mais sólidos pilares da obra de reorganização. Compreender-se-á, facilmente que não havia maneira de lançar mãos a obra que exigia paz, ordem nas ruas, colaboração nacional, alheamento do espírito de facção, senão começando por uma solução política transitória, que seria o estabelecimento da própria Ditadura.
O Dr. Salazar, patenteia com toda a clareza, de forma simples, só aprovar ditadura, até ao conter os ímpetos dos amotinadores.
Em 30 de Julho, do mesmo ano, o General Domingos de Oliveira, recordando o sarcasmo que havia sujeito a Nação, anunciava: A vida constitucional a restabelecer em Portugal, será tão somente a que resulte de transformação que a Ditadura foi chamada a iniciar e por forma que não se possam repetir as causas políticas dos males contra os quais vinha desenvolver a sua acção reparadora.
O Dr. Salazar, por seu lado, expunha: - Que fazer então? A atitude de aconselhada independência e neutralidade, aguardando que do simples embate das forças políticas surja o Estado futuro, é atitude imprevidente, indigna de governantes, falha de lógica, desconhecedora das realidades sociais: nunca barco abandonado à fúria dos ventos contrários, demandou porto de abrigo e muitas vezes se despedaçou, ao tocar a terra, contra os rochedos da costa. Que fazer então? Tomar resolutamente nas mãos as tradições aproveitáveis do passado, as realidades do presente, os frutos da experiência própria e alheia, a antevisão do futuro, as justas aspirações dos povos, a ânsia de autoridade e disciplina que agita as gerações do nosso tempo e construir a nova ordem de coisas que, sem excluir aquelas verdades substanciais a todos os sistemas políticos, melhor se ajuste ao nosso temperamento e às nossas necessidades……… na nossa ordem política, a primeira realidade é a existência independente da Nação Portuguesa, com o direito de possuir fora do continente europeu, acrescendo à sua herança peninsular, por um imperativo categórico da História, pela sua acção ultramarina em descobertas e conquistas e pela conjugação e harmonia dos esforços civilizadores, o património marítimo, territorial, político e espiritual, abrangido na esfera do seu domínio ou influência.
Continua.
Até próximo.

Nº 108 O MELHOR… OS PORQUÊS SUBESTIMADOS… Continuação. (II)

Na anterior crónica, evocamos uma nova classe de «Homens Distintos». A aplicação de valores rendosos, quer provenham de «matéria ou da imatéria», têm aproveitamento dos mais argutos e oportunos.
Aproveitando a tendência idealística do momento, todo o mundo, eleva hossanas aos SENHORES DAS IDEIAS, enquanto, aponta diatribes e condenações aos »SENHORES DA GUERRA». Aos primeiros, põe-lhes auréolas de esmoleres sabedores das reviravoltas do bem social; aos segundos, no sítio do pensamento, coloca-lhes os distintivos do feioso e mau, que investe como os cabritos. Ingénua confusão, em distinguir onde começa e termina a Harmonia.
Referindo, somente os nossos escritos, relembraremos que as «novas ideias», originaram guerra, em todas as partes onde se impuseram e, sem esforço, em Portugal, também. O que confere que os SENHORES DAS IDEIAS, são, retirada a máscara, os SENHOES DA GUERRA. Em todas as forjas, em todos os Continentes.
Introduzida a República em 1910, os mesmos que a impulsionaram, temerosos de perder simpatias, pela discutível maneira de actuar, distribuíram benesses em todas as direcções, fazendo enfraquecer o já magro fundo nacional. Não contentes com este desfalque dos bens públicos, - para fazer ouvir, infundadamente, palavras mansas dos estrangeiros e mostrar fanfarronice de não serem inferiores aos que se matavam por interesses próprios– mandaram para a França, em 1916, heróicos soldados portugueses, com material desactualizado, deficiente e com municionamento contado para cada alemão que passasse à vista.
Atitude «guerreira», justificada, segundo os mandões no tempo, para assegurar a posse das colónias, apesar dos ingleses aconselharem que seria suficiente a sua defesa, onde os alemães as atacavam. A embirração, porém, «bateu o pé» aos conselhos, pois o que lhes interessava, era firmar a «República», questão muito mais importante do que as vidas do povo, o grande sacrificado a sustentar os caprichos e erros dos governantes, garimpeiros na exploração da ingenuidade de quem se não pode defender.
Acabada a guerra, os bravos portugueses, os sãos, os mutilados e gaseados nas trincheiras, regressaram a casa, com armas rebentadas, bagagens em farrapos e sem emprego que saciasse as carências nos lares.
Os grupos partidários, convencidos dos seus préstimos, olhos altivos, não mudaram de rumo. Cada qual renovava grandes soluções, sem cálculos exactos. A Nação empobrecia, ouvindo hinos de prosa empolada em vantagens prometidas, que não em valores materiais.
O Dr. António José de Almeida ( 1866- 1929), o vaticinador da República, prodigiosa para acabar com lamentos e desgraças, atingiu a Presidência, de 1919 a 1923. Assistiu ao 19 de Outubro de 1920, sem lhe ser permitida interferência, não obstante ocupar o mais elevado cargo público do País.
Deve ter-se sentido chocado, ou desiludido como as ideias se evaporam para fora da razão, ao tomar conhecimento da ronda da «camioneta fantasma ». Esse transporte, vizinho da sucata, saído do Arsenal do Alfeite, com marinhagem por tripulação, que arrebanhou o Primeiro Ministro, Dr. António Granjo, o comandante do 5 de Outubro de 1910, Almirante Machado Santos, o Ex Ministro Almirante Carlos da Maia, o Comandante Freitas da Silva, Chefe de Gabinete do Ministro da Marinha e o Ex Ministro Botelho de Vasconcelos. Pelas ruas de Lisboa, foi abandonando os cadáveres, assassinados por balas certeiras, puxado o gatilho pelos ódios ideológicos.
Entretanto, a Rússia em ebulição, invejou o destrambelho português, para conseguir mais um camarada na Europa. Desembolsou rublos, apalavrou compartes e assalariados, para que, por todos os meios possíveis, mais causassem a instabilidade: -atentados, tumultos propaganda, revoluções nos quartéis… As avenidas e ruas de Lisboa e outras cidades, eram pistas de correrias e carreiras de tiro, somente interrompidas pela presença da Guarda Nacional Republicana.
Em 1926, o exército português, chefiado pelo futuro Marechal Manuel Gomes da Costa, tomou a dianteira, para por cobro ao anarquismo promissor da queda total na Nação.
Chamou um técnico para por as contas em dia. De Coimbra veio o Professor Dr. António de Oliveira Salazar, que examinou os valores contáveis e se indagou da forma de trabalho nos ministérios. Cada Ministro puxava da sua autoridade e pedia as verbas, entendidas necessárias . O Governo, era um arrebanho de pessoas a decidir, independentes umas das outras. O Dr. Salazar, regressou a Coimbra.
O que vamos escrever, a seguir, é o que consta na História de Portugal, do Dr. Damião Peres - Edição de 1954. pág. 444.
« Para desafogo financeiro, encarava o Governo desde meados de 1927, a conveniência de negociar um empréstimo no estrangeiro….
………….. empenho concretizado, no pedido de 12 milhões de libras, apresentado à Sociedade das Nações, sob cuja égide já operações análogas tinham sido realizadas por outras nações.
Neste meio tempo, porém, A LIGA DE PARIS, organização dos republicanos exilados, actuava junto da Sociedade das Nações, acusando o governo de má gestão administrativa e, declarando inconstitucional o seu pedido».
A Sociedade das Nações, como se compreenderá, interrogou-se, onde estaria a verdade. Para decidir, todavia, enviou 6 (seis) peritos financeiros para avaliarem a situação económica de Portugal e elaborarem o projecto de empréstimo. Concorde da necessidade da verba pedida, mas …incluindo condições - não estivessem os denunciantes desleais, com visos de traidores, com razão - assim resumidas:
1ª- A criação de um agente de ligação junto do Governo Português com funções de controle; 2ª - A faculdade de o « Comité» financeiro enviar a Portugal, no caso do Governo deixar de cumprir o protocolo, uma comissão financeira de três membros para administrar as receitas consignadas ao serviço do empréstimo.
O Governo Português, apresentou duas contra propostas, com os compromissos legais e de lealdade. O «Comité», fincou o pé e não acedeu.
O Ministro interino na Pasta das Finanças, General Ivens Ferraz, respondeu, com dignidade ( aquilo que faltara à LIGA DE PARIS, parece que dirigida pelo Dr. Afonso Costa) :

Portugal não se vende por l2 milhões de libras.

Ainda assim, o «Comité», sugeriu adiamento da solução, para reunião seguinte, da Sociedade das Nações. Os representantes portugueses, contudo, cabisbaixos com o vexame, (provocado pela «Liga de Paris», onde, geralmente vivia o Dr. Afonso Costa) deram o caso por encerrado. Portugal sempre deu exemplos de HOMENS SÉRIOS, mesmo ao lado da perfídia. A actualidade, contém a mistela ideológica. A percentagem negativa, actual, parece, ou está, a ocupar mais largueza e liberdade … A finança pública, a moral na sociedade, o nexo administrativo rareado, que respondam.
Em 1927, nada de novo aconteceu para ressuscitar a Nação empobrecida e envergonhada, pelo que dela pensava a Sociedade das Nações. O Ministério foi formado, sem Ministro da Finanças, pasta que se mantinha vaga, pela dificuldade em preenchê-la.
O Engenheiro Duarte Pacheco, deslocou-se a Coimbra e insistiu no convite ao Dr. Oliveira Salazar, que preferia a calma de Professor catedrático, pois não estava ambicioso de honras e dinheiro. Nunca se entusiasmou com riqueza pessoal. E exemplificou, durante a vida. Morreu com reduzidas posses. Foi a consciência, isolada, abstraída de salários elevados, que o demoveu a retomar o Ministério das Finanças, que havia ocupado, por uma semana, em 1926.
Continua.
Até próximo.